sexta-feira, dezembro 10, 2004

The Incredibles


Não sou grande apologista de fazer "copy paste" de um texto mas desta vez fou fazer uma excepção. O texto está muito bom.

Pode parecer demasiado forçado, excessivamente conspirativo ou mesmo absolutamente paranóico, mas até os desenhos animados produzidos hoje em dia parecem inspirar-se fortemente na concepção norte-americana do mundo - intrinsecamente hobbesiano - pós-11 de Setembro, servindo como um meio muito subtil de difusão da mais pura propaganda política e cultural. E a mais recente longa-metragem de animação da muito elogiada Pixar, intitulada "The Incredibles"representa um exemplo verdadeiramente paradigmático dessa alarmante tendência.
O que dizer de Buddy Pine, um miúdo que não tem "super-poderes" mas é o maior fã de Mr. Incredible e teima em irromper nas suas missões de salvamento, acabando por atrapalhar a sua prossecução? Não faz lembrar a "velha" Europa que não tem capacidade militar para acompanhar as missões da super-potência mundial, os "incríveis" Estados Unidos da América, atrapalhando as suas incursões imperialistas? E o que dizer da terrível manipulaçãoo dos media que obriga a um maior comedimento dos grandes super-heróis, que depois de um período de maior resguardo acabam por regressar, de forma incontornável, ao activo, salvando o mundo de um enorme descalabro? Não faz lembrar o presente regresso ao "activo" dos Estados Unidos da América, com operações militares em vários pontos de um mundo que precisa dos seus "super-poderes" - militares, entenda-se - para ser salvo de uma enorme catástrofe provocada pelas famosíssimas, mas nunca encontradas, armas de destruição maciça dos soturnos países do maquiavélico "eixo do mal"? As crianças podem não perceber. Os leigos sorridentes também não. Mas a verdade é que estes desenhos animados de hoje têm muito pouco de inocente, pois difundem mensagens subtis que se entranham no sub-consciente. Por essas e por outras é que depois as pessoas confundem, ingenuamente, as omnipresentes personagens de Osama Bin Laden e de Saddam Hussein.

Gustavo Sampaio.